A Esperança da Caixa de Pandora

Apesar de todo o caos ela existe!

Impossibilidade do ser

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Difícil explicar a sensação de impossibilidade. Criamos falácias mentais com jargões e ditados populares que preenchem as lacunas do otimismo para nos sentirmos inseridos nos padrões, no estereótipo social de como devemos moldar nossos sentimentos.

Dói não ser inteira, dói não ser perfeita. Mas tudo bem. Faz parte do jogo, isso faz o que somos. Esses fragmentos de coisas nos torna humanos. Falíveis. Em constante evolução e transmutação do ser.

Mas existe o vazio. Aquele buraco negro criado dentro de nós que consome nossas vísceras. Onde foi que me perdi? Quando foi que eu falhei comigo? Por que tudo em que acreditava se desfez no vento? Por que não aceitar que foram escolhas minhas baseadas naquele tempo-espaço?

Incapacidade de ser inteira e ser a expectativa do que esperam de mim.

Estar entre o que se deve ser e o que se realmente é cria paranoias tão reais que cegam completamente a realidade imposta diante dos olhos. Aquela cobrança velada nas palavras miúdas e nos gestos contidos. Entre risos e olhares esfuziantes mora a dor de um ego massacrado pela realidade imutável.

Na reação crucial de julgamentos e condenações, por onde anda a absolvição? Por aí, no meio do nada, esquecida num canto escuro da alma.

São muitas exigências para quem é um paradoxo.

A mutilação causada pelos pensamentos é mais profunda porque está em nossa consciência lúcida, nas fragilidades dos sentimentos vazios de esperança. Por isso o melhor que se tem a fazer é simplesmente deixar a dor se consumir para que ela não nos consuma a essência.

Existem diversas possibilidades, em todos os sentidos, até mesmo a possibilidade da impossibilidade. E tudo bem com isso. Não é vergonhoso, aviltante ou constrangedor. É apenas uma das diversas opções oferecidas pelo universo.

Written by Babi Arruda

21/03/2017 at 15:17

Perdoar não é divino, é humano

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Perdoar é um estado pleno de consciência sobre si mesmo. Ele envolve revirar os entulhos que temos escondidos dentro da alma, aqueles que jogamos para debaixo do tapete chamado ego. Por muitas vezes deixamos ali esquecidos e transferimos todas as parcelas de culpas e infortúnios para os outros, para a vida e o universo.

Mesmo numa situação onde somos vítimas, somos também algozes de alguma forma. Talvez um olhar crítico ou uma frase mal colocada, importuna, faz com que atraiamos a lei de ação e reação. Mesmo o mínimo imperceptível para nós, pode ser o gigante monstruoso para o outro. Somos humanos, somos falhos em nossa percepção.

E com isso acumulamos mágoas, ressentimentos, pequenos ódios, raivas imensuráveis. E elas ficam todas guardadas em nossa alma, ocupando espaço, inúteis, improdutivas. São alimentadas diariamente pelas nossas obcessões e neurozes e, pela a nossa grande incapacidade de perdoar.

Aí volta-se aquele velho discurso de que o problema é do outro, você não fez nada, etc etc e o ciclo permanece inalterado. Não, o problema é seu. É de sua responsabilidade se livrar dos seus detritos emocionais. O que o fulano faz ou deixa de fazer não está ao seu alcance, você não irá arcar com as consequências disso, mas o que você faz com o seu templo sagrado – que é sua alma – é o que te torna um ser humano consciente de si mesmo e das situações que estão a sua volta .

E essa lucidez começa com o autoperdão, a autocompaixão. Se reconhecer como um ser falível, limitado emocionalmente e mentalmente, mas disposto a aprender e alcançar voos incríveis. Entender que mesmo imperfeito, existe o divino dentro de você e esse divino é capaz de transformar o mundo com o amor, o perdão e a compaixão.

Se reconheça no íntimo, mesmo o que veja não seja agradável. Este é o primeiro passo para tentar colocar a casa em ordem e se livrar da sujeira acumulada por muito tempo. Você é o único responsável pelo que carrega dentro de si. Como nos ensinou Chico Xavier com sua sabedoria infinita: “Aos outros eu dou o direito de ser como são; a mim dou o dever de ser cada dia melhor.”

Perdoar não é um ato divino porque o divino é perfeito e não reconhece essa premissa de ódios e mágoas. Perdoar é um ato humano porque precisa de muita coragem (para tomar essa atitude sem se incomodar com o julgamento alheio), resignação (em aceitar o que não pode ser mudado) e sublimação (para superar e neutralizar o sofrimento) para desapegar das velhas essências. É necessário que o humano siga em direção a seu divino.

Written by Babi Arruda

31/07/2014 at 13:46

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Buda em evolução

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Nada melhor do que fazer o que seu coração e sua alma mandam. A sensação de bem estar é gratificante. Sempre devemos conquistar as coisas com dedicação, amor e paz de espírito. Devemos parar de lutar contra nós mesmos e também de brigar por aquilo que não nos pertence.

Deixe ir, se esvair, se soltar. Não tente prender junto a si situações no qual você não pode interferir, muito menos fazer algo para mudar. O livre arbítrio é um direito de todos e você precisa respeitar esta lei de ação e reação do universo.

No dia em que nós aceitarmos que as reformas devem acontecer em nosso espírito e não tentar mudar o que não nos cabe sofreremos menos. O desapego é a melhor forma de libertação da dor. Aprendamos a viver o hoje. O que ficou no passado não nos pertence mais e o futuro é apenas uma suposição do nosso imaginário.

Lembre-se que o plantio é opcional, mas a colheita é sempre obrigatória e independente de suas vontades tudo acontecerá do jeito que tem que ser e não do jeito que você quer que aconteça. O que cabe a você apenas são as suas decisões de vibrar positivamente ou se deixar enredar por sensações negativas.

Não se apegue, não reclame, não critique. Cumpra sua passagem sem se influenciar pelas decisões alheias. Você é um ser completamente capaz e independente. Você é um ser de luz, um Buda em evolução.

Written by Babi Arruda

30/07/2014 at 17:11

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Empurrando com a barriga

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Adiar a vida para o amanhã. Sim, tem pessoas que não vivem, adiam o ato de viver sempre para o dia seguinte. Empurram com a barriga os acontecimentos, os fatos e principalmente, os problemas. É como se eles não existissem. Se eu finjo que não vejo, ele não está ali. Simples assim!

Não é simples assim! É complicado porque as ilusões tomam conta de tudo fazendo com que as verdades não passem de metáforas. A realidade não pode ser ignorada por mais dolorida que possa parecer. É preciso ter coragem para olhar o destino de frente e fazer as coisas acontecerem da melhor forma possível.

Fingir que um problema não existe não irá resolvê-lo. Pior, ele fica ali se alimentando da sua inércia e covardia, virando um monstro terrível. Lembre-se que não dá para controlar uma bola de neve gigante. Por onde ela passa, destrói.

Esteja um passo a frente e mantenha o controle da sua vida. Fique sempre na liderança dos acontecimentos. Um líder que transforma sonhos em projetos reais e não fica empurrando com a barriga as realizações.

O que você espera da vida? O que você espera de você? Não espere. Apenas faça acontecer. Viva sem medo, projetando suas aspirações para o plano real e seguindo o curso natural das coisas de forma simples, porém consistentes.

O mais triste de tudo é constatar que cada vez mais o número de pessoas que deixam a vida passar em branco aumenta vertinosamente. Elas simplesmente não se importam em viver e depois ficam reclamando que não tem sorte e culpam Deus ou sei lá quem pelos próprios fracassos.

Se acham injustiçadas pelo destino, pela família, pelos amigos e lamentam os desfortúnios com ares de vítima, como se não tivesse contribuído para as situações caóticas. Eu lamento muito ver pessoas com visões tão limitadas de si mesmo.

E digo mais! A maioria delas possui um potencial incrível para prospectar e expandir de forma meteórica tudo que tocar. Elas somente não se esforçam para isso. São acomodadas, preguiçosas e não possuem ambição de evolução. Esperam que as coisas caiam no colo por puro milagre divino.

Isso é de partir o coração: ver de perto a falência da crença no eu, o assassinato a sangue frio do talento e presenciar a total falta de consciência no poder de ação. Conclusão: não dá para empurrar com a barriga o próprio corpo inerte.

Written by Babi Arruda

07/11/2012 at 13:47

Mudar dói

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O amadurecimento requer um esforço contínuo e constante de sublimação do ego. Ter a consciência lúcida de que o micro nunca poderá se sobrepor ao macro na fatoração do universo é algo que impulsiona a evolução do ser sem grandes tormentos.

As perdas existem e elas são necessárias para se ter ganhos. Nada está pronto e perfeitamente fabricado. Deve existir uma lapidação das arestas, ajustes e pequenas reformas, muitas vezes simples, mas que teimamos em não fazer por uma pequenez soberba.

Dói muito mudar, porém dói muito mais permanecer do mesmo jeito.

É difícil olhar uma situação que parece agressiva para nós e não revidar na mesma brutalidade. É complicado ver a mesquinhez humana e se calar perante ao avaro. É estranho não sentir uma repulsa automática ao se ver usurpada de suas ideias e méritos.

Tudo às vezes parece tão injusto e sem propósito de ser, mas as verdades que permeiam cada fato são veladas aos olhos de um observador em evolução e acredito que todos se encontrem nessas condições. É preciso parar, respirar, ponderar e avaliar o que vale a pena. Coisas miúdas devem permanecer miúdas e não serem engrandecidas com nossa intemperança.

Consciência não significa sabedoria se não for usada nas atitudes. Um sábio não se torna sábio porque acumula inúmeros conhecimentos, mas sim porque aplica seu repertório vasto no seu cotidiano, contendo as vaidades e a pretensão.

E não tenha a falsa ilusão que isso é um processo simples. A dor é inevitável e o sofrimento está ali para lembrar que a perfeição não existe. Esqueçamos as verdades absolutistas e vamos ter um olhar flexível para o próximo e principalmente, para nós mesmos.

Às vezes o que mais precisamos é um afago e um sorriso compreensivo a frente do espelho, sendo compassivos com nossa essência. A rigidez não transforma a ignorância em lucidez e a crítica severa sem propósito não educa os sentimentos. A piedade é um ato de compaixão que devemos exercitar primeiramente em nós mesmos.

O conceito de que é preciso pensar no bem do próximo primeiro é hipócrita. Nós precisamos estar bem em primeiro lugar para emanar o bem na coletividade. Não existe benefício em anular a si mesmo. Tudo começa no eu interior para expandir ao eu superior.

Ter a consciência disso é uma mudança significativa. Mudar dói e dilacera a alma.

Written by Babi Arruda

17/05/2012 at 15:00

Os anos que a gente leva…

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Eu levei anos para curar um amor mal resolvido. Eu levei anos para entender que não se podia chorar por algo que nunca havia sido meu. Meu, assim, aquele meu de pertencer os sentidos, preencher os olhos e as falas, toda aquela conjunção cósmica de pele, sabores e amores sacrificantes. Tudo foi uma questão de perda sem ter havido soma.

Eu levei anos para entender que isso não era amor, era uma obsessão escandalosa e meretriz, que se vendia barato por qualquer afeto simples e corriqueiro. E que sem pudor se arrastava pelos cantos com olhos observantes e paranoicos evidenciando toda a tristeza do descaso para o próprio self.

Eu levei anos para acreditar que ele não me servia porque apesar de tudo eu achava que ele era perfeito e toda vez que eu olhava seus olhos queria acreditar que deveria ter para sempre aquelas promessas fúteis, aqueles apelos piegas, aquelas declarações tão insensatas na disparidade do tempo remoto.

Eu levei anos para superar a dor, a amargura, o rancor e a frieza de ter sido trocada por outra. Mais uma vez. Mais de uma vez. E mesmo com isso explícito, inexplicavelmente eu acumulava feridas a cada perdão mal perdoado, disfarçado, uma sacanagem metafórica com meu emocional.

Eu levei anos para esquecer o tanto que perdi e me recolhi pelas calçadas da vida na tentativa de entender porque me deixei ser enganada, insegura e insensata. Abusei de mim mesma com uma arrogância ingênua e burra.

Os anos que a gente leva para se olhar com olhos isentos e imparciais são cobrados em cicatrizes, lágrimas e memórias em branco e preto. Porque às vezes nos deixamos ficar mais distante que o necessário e quando voltamos não passamos de farrapos desumanos.

Mas eu curei, entendi, acreditei, superei e esqueci. Hoje são apenas fragmentos na memória de alguns anos que levei para estar aqui com minha consciência plena e feliz!

Written by Babi Arruda

21/03/2012 at 10:08

Entrelinhas do ego

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Enfadonhas. As pessoas estão enfadonhas. Esse negócio de comunicação imediata está deixando as pessoas enfadonhas. Tudo é uma questão de parecer ter e não de ser verdadeiramente. Não importa que não seja a sua realidade, o importante é que todo mundo “curte” e assim está bom.

Mau humor de boa vontade, mas prefiro classificar como um cansaço antropológico da sociedade moderna.  Uma mesmice arrogante e burra. Burra com toda aquela conotação pejorativa que invoca a palavra. Agora eu estou sendo arrogante. Tudo bem, tenho direito a sê-lo. Todo mundo por essas bandas da internet o é, por que eu não poderia? Quero estar na moda, in vogue.

No cotidiano as pessoas estão agindo como gados, manipuladas por intelectulóides habilitados para julgar, condenar e apontar o dedo na cara das pessoas com uma prepotência mascarada de valores. Salvadores da boa conduta virtual. Entrelinhas do ego: paradigma contemporâneo.

Não há mais espontaneidade. As pessoas vomitam verdades como se o absolutismo existisse nas palavras. Elas vomitam vaidades absolutas porque não conseguem conter dentro de si tanto estrume. Não serve nem para adubar pensamentos.

E eu falando em pensamentos numa época onde as pessoas estão (ou são?) carentes de opiniões. Elas só sabem “curtir”, “compartilhar” ou “retuitar” e muitas vezes sem crédito. Criar, inovar, pensar é algo muito complexo e requer muito esforço por parte do ser humano, por isso se tornam inviáveis ao comodismo intelectual. Intelectual? (sic). É, hoje não estou romântica.

E o poeta estava certo quando concluiu “mas que maçada quererem que eu seja da companhia”. Que maçada a companhia e suas superficialidades. É muito macaco adestrado aplaudindo no mesmo circo.

Escrevo nas entrelinhas para não mexer com egos sensíveis. Desprezo os egos para que não hajam entrelinhas.

Written by Babi Arruda

14/03/2012 at 10:56

A vida como ela é

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A vida como ela é. As pessoas como elas são. A verdadeira clareza das situações e das atitudes. Por mais simples que sejam essas afirmações é muito difícil colocar todas em prática, pois possuímos uma tendência natural de criar um universo paralelo em nossa imaginação, no qual sempre somos o astro principal.

Se já não bastassem todas as dificuldades do dia-a-dia, nós ainda temos um campo fértil em nossa mente que distorce a realidade em um cenário cor-de-rosa, puxado para o pink. Enxergar com transparência, idoneidade é uma prova complicada num mundo cheio de arestas mal aparadas.

Até mesmo o mais sábio dos homens pode ficar enredado nas armadilhas das próprias ilusões. Sim, a ilusão é a principal culpada pelo nosso sofrimento, pois ela transforma um fato em uma metáfora qualquer.

Tampar o sol com a peneira e fazer de conta que não viu ou ouviu não é a solução para os problemas, muito menos viver como se fosse uma estrela única e absoluta na constelação universal. Porém, infelizmente, algumas pessoas se sentem felizes vivendo dentro de mentiras bem elaboradas e com requintes de sofisticação.

Afinal, quem não quer um mundinho perfeito onde todas as nossas vontades são realizadas? É tão gostoso ser mimada, bajulada e ter todos lambendo seus pés a sua volta. O único detalhe é que isso não passa de uma ilusão, artimanha da vaidade, mais um artifício dos hipócritas.

Se iludir ao ponto de acreditar nas suas próprias mentiras e nas mentiras alheias somente para alimentar o ego é o caminho mais rápido para a desilusão. E isso é tão certo quanto dois e dois são quatro!

Mesmo que a verdade seja dolorida é mil vezes preferível estar a par das coisas como elas são do que viver numa fantasia. A “Terra do Nunca” só é bonita e divertida nos contos infantis.

Na vida real ela pode ser muito amarga quando as máscaras começarem a despencar das faces, quando as cortinas de mentiras forem arrancadas dos palcos e o nevoeiro for dissipado na estrada.

Quando tudo isso acontecer, tudo a sua volta irá desmoronar feito castelo de areia na beira da praia e o único companheiro ao seu lado será a tristeza. O que os outros sentirão? Pena! Sim, a inevitável piedade hipócrita da sociedade.

Por isso, procure enxergar a vida como ela é. Olhar as pessoas como elas são. Vivenciar as situações de forma realista, sem adjetivos. Só sujeito, verbo e complemento. Lembre-se que o nosso mundinho também tem tons de cinza e isso não é vergonha para ninguém. Ruim mesmo é acreditar que existe um mundo todo pink. Isso sim é muito brega. É deprimente!

Written by Babi Arruda

03/02/2012 at 09:36

Imparcialidade: realidade ou utopia?

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Ao se deparar com uma situação complicada onde temos que avaliar ou então julgar certos aspectos vem sempre a tona a famigerada imparcialidade, porque para sermos justos, temos que ser imparciais perante os fatos e as pessoas.

O discurso realmente é muito lindo, porém a prática está muito longe de ser um conto de fadas com final feliz. É muito fácil falar sobre imparcialidade, mas usá-la com eficácia é quase humanamente impossível.

Por quê? Porque somos humanos passíveis a erros e defeitos só para começar. Cada um de nós foi criado de uma forma diferente, com aspectos culturais diversos, com valores morais distintos e influenciados pelo ambiente que vivemos. Só por causa desses “pequenos” detalhes que a imparcialidade se torna algo mais próximo do utópico.

Os meios de comunicação bradam em alto e bom som que sua linha editorial é imparcial, que todas as notícias são apuradas e investigadas pelos diversos ângulos da questão, no entanto, o material humano que fabrica isso não é multifacetado.

E isso é absolutamente normal. Sim, não se choque com esta revelação, mesmo porque você também não é imparcial na sua totalidade. Esse negócio todo de isenção de sentimentos é pura balela, conversa para boi dormir. Não há nada pior que esse discurso besta de candidato a síndico de prédio.

Somos dotados de um aglomerado de sentimentos e sensações que nos diferencia um do outro, e é justamente essa diferença que nos torna especiais, únicos. É através da visão diferenciada de cada um que os acontecimentos ganham novos aspectos e esse pluralismo enriquece as relações interpessoais.

Por isso, eu não acredito que um ser humano é capaz de 100% de imparcialidade. A preocupação e a busca para o mais próximo disso é lógico que deve existir. O que não pode é se frustrar quando perceber que este objetivo não pode ser alcançado plenamente.

Outra coisa que não pode acontecer é achar que possui toda essa neutralidade perante os acontecimentos. Isso seria muita prepotência para não dizer ignorância, no sentido de ignorar a realidade e viver numa constante ilusão de perfeição moral.

Um primeiro passo para treinar a imparcialidade é usá-la com você mesmo. Analisar suas qualidades e defeitos com o máximo de isenção possível. Sem ser tendencioso, sem puxar a sardinha para suas vaidades, sem mimos e estrelismos do ego.

Faça isso e depois me conte o que você conseguiu. Se os 100% de imparcialidade pode ser considerado uma realidade ou uma utopia.

Written by Babi Arruda

29/11/2011 at 14:01

“Tudo vai ficar bem”

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De Babi Arruda & Cláudio Marques

E no meio daquele dia cinza estava ele ali parado com seu sorriso fitando minha alma, despindo meus desejos. Não me importava mais o que acontecia a minha volta. Aquele instante era meu. Aquela vontade era nossa. Delicadamente coloria cada pedaço de meu corpo. Tocando-me sem as mãos, falando comigo em silêncio, despindo-me com olhos, devorando-me em pensamento. E eu, entregue. Distante. Mas com uma certeza: era dele.

Aquele homem me cativava, me trazia a tona toda vez que meus dilemas existenciais me colocavam em baixa. Era ele. E o melhor: ele não sabia disso.

Ele acordava comigo, passava o dia a trabalhar, jantávamos e a noite, numa sincronia perfeita, escrevíamos poesia, textos. Cartas. Líamos o mesmo livro, comentávamos sobre os personagens principais, sobre os coadjuvantes. Inseríamos nossas vidas naquelas páginas. Era fantasioso e ao mesmo tempo excitante. Deitávamos e meticulosamente nosso corpo se encaixava. Mas ele não sabia disso.

Eu existia para ele e não precisava dos meus post its para lembrá-lo. Era torturante saber que eu estava tão presente nele. Nunca fora assim. Eu sempre me deixava perdida, esquecida num canto qualquer devorando as sobras do relacionamento. Mas com ele era diferente. Era inédito, numa versão meio retrô.

Fitava seu rosto tentando decifrar o que não tinha resposta. Tentava colocar em palavras o que estava perfeito nas entrelinhas. E assim me acostumei com sua presença apenas a distância de uma respiração. Só sabia respirar o mesmo ar de um espaço encaixado entre delírios e devaneios.

Era doce dormir nos seus braços e saber que estava me acorrentando a perspectivas. Pensei muitas vezes em fugir, mas quando olhava suas covinhas, que teimosamente surgiam depois de um sorriso, desistia de qualquer plano de dominação mundial. Entregava o meu mundo sem alardes, sem diplomacia ou ordem de despejo. Simplesmente desistia de desistir.

Mesmo percebendo todo o meu embaraço desastrado de tentativas frustradas, ele fingia não entender e me dizia ao pé de ouvido: “tudo vai ficar bem”.

E no instante entre o som e o silêncio residem os sonhos e uma infinidade de palpitações. Reside eu, ele e suas covinhas.

Ah, aquelas covinhas. Tão minhas, mas apenas dele. Eu as contemplava constantemente, mesmo ele nunca as dividindo comigo. Eu acompanhava seu riso e imaginava que ria para mim.

Meu mundo que por diversas noites, dias, madrugadas fez-se tão dele continua sem rumo próprio, seguindo a esmo, procurando cruzar com aquele mundo cheio de covinhas, sorriso e doces noites acompanhada. Pode ser um sonho, mas desse sonho acordo toda manhã. A cada nova manhã, novos dias uma certeza não muda. Ele (ainda) não esta por aqui. Ainda…

Written by Babi Arruda

13/10/2011 at 09:53

Publicado em Contos

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